Quando investir, resgatar ou alterar a minha carteira?
Investir não precisa de ser complicado, mas há decisões importantes que terás sempre de tomar. Quando investir? Quando resgatar? Quando alterar a carteira? São algumas das perguntas que se já investiste ou estás a pensar investir, certamente já te passaram ou passarão pela cabeça… Neste artigo, vamos explicar de forma simples os conceitos básicos que deves conhecer, baseando-nos em dados históricos, para tomares uma decisão consciente perante qualquer uma destas perguntas.
Quando investir?
Quanto mais cedo, melhor…
Dados mostram que o tempo de permanência no mercado (“time in the market”) conta mais do que tentar acertar o momento ideal (“market timing”). Há artigos que dizem, por exemplo, que ao longo de mais de 80 anos, todos os períodos de 10 anos do mercado acionista dos EUA foram positivos. Ou seja, mesmo que entres antes de uma crise, se ficares investido pelo tempo recomendado ou por mais tempo, tens boas hipóteses de ver o investimento crescer.
Não esperes sempre pela “altura perfeita”
É natural pensares “vou esperar até o mercado descer para entrar”. Mas estudos mostram que quem espera demasiado corre o risco de perder os dias nos quais o mercado mais valoriza, por exemplo: um artigo da BlackRock/iShares mostra que num investimento hipotético de 20 anos, quem perdeu apenas os 5 melhores dias teve um retorno 58 % inferior ao que ficou investido o tempo todo.
Algumas tendências sazonais, mas sem garantias…
Historicamente, há meses com performances melhores ou piores, por exemplo, entre 1970 e 2023, o mês ideal para “comprar” o S&P 500 foi outubro, e o pior foi setembro (média de –0,9 % nesse mês) segundo 53 anos de dados indica um artigo da Liberated Stock Trader. Já um artigo da Trade with the Pros, diz que de novembro a abril o S&P 500 teve retorno médio superior ao período maio-outubro. Apesar destes dados, é importante referir que mesmo que existam estas “janelas favoráveis” isto não garante, de todo, que os próximos meses se comportem de forma igual. São padrões, não certezas.
Quando resgatar?
Quando os objetivos mudam ou o prazo de investimento se aproxima do fim
Se investes para a reforma ou tens uma meta a 10 anos, mas faltam apenas 1-2 anos, pode fazer sentido reduzir a exposição ao risco (por exemplo, a ações) e aumentar a parte mais segura (por exemplo, a obrigações).
Resgatar simplesmente porque “o mercado está alto” raramente é uma boa razão por si só — podes estar a perder os dias de maior valorização.
Quando a carteira não está a servir o propósito
Se a carteira está desajustada (exemplo: tens muita exposição a tecnologia ou uma carteira pouco diversificada) e isso já não reflete o teu perfil de risco ou objetivo, pode valer a pena reajustar ou resgatar parcialmente o teu investimento.
Não resgatar por medo ou pânico
Durante quedas de mercado é natural teres o “impulso” de quereres sair para “proteger” o teu capital. Mas se fizeres isso, podes perder a recuperação que vem logo a seguir — estatísticas mostram que grandes recuperações veem sempre após grandes quedas.
A reter: Resgata quando o cenário mudou (objetivo, risco, prazo), não apenas porque “o mercado está instável”.
Quando alterar a carteira?
Realizares uma revisão periódica dos teus investimentos faz sentido
– Uma ou duas vezes por ano, verifica se a tua carteira ainda está alinhada com: o teu objetivo (ex: reforma, casa, educação); horizonte temporal (curto, médio, longo-prazo); a tolerância ao risco (quanto estás disposto a perder).
- Rebalancear a carteira para manter a diversificação certa, por exemplo, se decidiste que 60% do teu investimento foi para fundos de ações e 40% para obrigações, mas depois de um ano estás com 70/30 porque os fundos de ações valorizaram substancialmente, pode fazer sentido vender parte da participação em fundos de ações para voltar a 60/40.
Mudar estratégia apenas se há boa razão
Não mudes a tua estratégia só porque “ouviste que o setor tecnológico vai subir muito”, muda se: o teu perfil mudou, os mercados mudaram de forma estrutural (ex: inflação muito alta, taxas de juro muito diferentes), ou tens novas circunstâncias pessoais (ex: vais precisar do dinheiro em breve). Lembra-te que “tempo no mercado” vence “acertar o momento” — as mudanças frequentes aumentam os custos, o erro de timing e a probabilidade de decisões emocionais erradas.
Em suma:
📥Quando investir: o mais cedo possível, com uma visão de longo prazo.
📤Quando resgatar: só quando tens uma boa razão — objetivo realizado, risco demasiado elevado, horizonte que muda.
🔄Quando alterar: de forma programada e disciplinada (ex: anualmente), porque a tua vida ou objetivo mudou e não por “achares” que vais ganhar mais.