Breaking News - 5 agosto 2024
Volatidade dos mercados
Os mercados acionistas europeus iniciam a semana com descidas de cerca de -2,5% e os futuros norte-americanos apontam para uma queda de -3% para o S&P500 e de -4,70% para o Nasdaq. Os fluxos estão direcionados para as obrigações governamentais e a yield das obrigações do governo alemão a 2 anos caiu para 2,22%.
Diversos fatores conduziram a esta forte volatilidade nos mercados:
- Os mercados entraram em agosto com um forte tom de rotação que começou em meados de julho, após a queda acentuada das yields dos EUA, na sequência dos dados favoráveis sobre a inflação nos EUA em junho. A rotação foi para as pequenas empresas e de tecnologia para os restantes sectores. Algumas desilusões nos resultados do 2T24 das empresas líderes do sector tecnológico agravaram o movimento.
- Na reunião da Fed de 31 de julho, Powell disse abertamente que "uma redução das taxas poderia estar em cima da mesa na reunião de setembro". Os mercados reagiram com novas quedas nas yields do Treasury e com o aumento das expectativas de taxas para três cortes antes do final do ano.
- Os dados dos EUA divulgados a 1 e 2 de agosto, ISM Indústria e Payrolls, ficaram abaixo das previsões consensuais e tiveram um forte impacto no sentimento do mercado, com os mercados a avaliarem os riscos de recessão económica e mais de -100bps do lado da Fed antes do final do ano: sold-off de ações (com alguma rotação para setores defensivos) e inflows para soberanos.
- O sell-off de ações japonesas esta manhã reflete o desfazer de um forte posicionamento de carry-trade que tem estado em vigor nos últimos meses: longo ações / curto ienes. As turbulências do mercado, mais a subida das taxas do BoJ, foram os catalisadores do movimento de desvalorização, invertendo os ganhos do ano e o Nikkei cai agora mais de -5% desde início do ano.
- De acordo com o ponto de vista da SAM e apesar de se esperar alguma moderação no crescimento dos EUA, os fundamentais permanecem sólidos e apontam para um crescimento dos EUA em torno de 1,5%-2%. Os dados dos Payrolls tendem a ser voláteis e esperamos que regressem a cerca de 150 mil nos próximos meses. Do lado da Fed, esperamos que a flexibilização comece em setembro e, tendo em conta os recentes desenvolvimentos, não excluímos -75bps em 2024.
- A reação dos mercados foi extrema, tendo em conta que as ações estavam com um forte ganho acumulado do ano, que as yields têm sido relutantes em cair até julho e a reduzida liquidez em agosto tende a provocar uma forte volatilidade face a qualquer acontecimento inesperado.
- Na nossa opinião, e com uma visão de médio-longo prazo, o nosso cenário central continua a ser positivo para os ativos de risco. Acompanhamos de perto estes acontecimentos de forma a procurar oportunidades de investimento.
Neste cenário em que as incertezas persistem, levando a episódios de elevada volatilidade como o atual, é importante relembrar que as melhores ferramentas à nossa disposição são a diversificação, um perfil de risco adequado e a manutenção do horizonte temporal dos investimentos.